Boa noite,
Apresento-me aos leitores e aos que escrevem aqui no blog.
Como meu amigo Wiliam, único que conheço do pessoal, me deu
liberdade total pra escrever aqui, decidi acrescentar uma coisa diferente no
perfil do blog. Escolhi tentar postar toda semana uma música e um texto.
Abraços,
Gabriel
A Insustentável Leveza do Ser (Capítulo 2, Parte 1)
Romance de Milan Kundera
Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito
de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Que idéia atroz!
No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável
leveza. Isso é o que fazia com que Nietzsche dissesse que a idéia do eterno
retorno é o mais pesado dos fardos (das schwerste Gewicht).
Se o eterno retorno é o mais pesado
dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a
sua esplêndida leveza.
Mas, na verdade, será atroz o peso e
bela a leveza?
O mais pesado fardo nos esmaga, nos
faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os
séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino, O fardo mais
pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital.
Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é
real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de
fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe,
se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real,
que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.
Então, o que escolher? O peso ou a
leveza?
Foi a pergunta que Parmênides fez a si
mesmo nó século VI antes de Cristo. Segundo ele, o universo está dividido em
duplas de contrários: a luz e a obscuridade, o grosso e o fino, o quente e o
frio, o ser e o não-ser. Ele considerava que um dos pólos da contradição é
positivo (o claro, o quente, o fino, o ser), o outro, negativo. Essa divisão em
pólos positivo e negativo pode nos parecer de uma facilidade pueril. Menos em
um dos casos: o que é positivo, o peso ou a leveza?
Parmênides respondia: o leve é positivo,
o pesado negativo. Teria ou não razão? Essa é a questão. Uma coisa é certa. A
contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as
contradições
Grande texto abordando esse tema maniqueísta e ótima música... conseguiu me distrair durante dez minutos e vai me fazer pensar por alguns dias!
ResponderExcluirMuito bons o texto e a música.
ResponderExcluirBem legal o tema polaridade que vc trouxe meu caro, vou tentar continuar o assunto sob iniciática antiga.Segundo alguns a polaridade é uma lei universal da manifestação ( o pelo menos uma Lei de concepção de todas as mentes humanas ...). Dai sairá um proximo texto.
ResponderExcluirAbraços
Bem vindo ao Coleeei ;)
Também gostei dos dois.
ResponderExcluirNoel era mesmo um poeta. Lamentavelmente morreu tão cedo, mas viveu tão intensamente que nos deixou essas poesias musicais que nos entra pelos ouvidos e nos adoçam a alma.
O texto fantástico nos leva a filosofia pré-socrática de Parmênides de Eleia. Filosofia sempre tão interessante com tantas mensagens, tanta informação que por vezes parece infinito os ensinamentos.
Sócrates, o maior dos filósofos, tão importante que foi provocou uma ruptura sem precendentes na história da Filosofia grega, por isso ela passou a considerar os filósofos entre pré-socráticos e pós-socráticos.
Foi o homem mais sábio de sua época, pois ao inquerir os políticos, os poetas e os artífices, todos afirmavam obter a plena sabedoria; e que somente ele, Sócrates, era o verdadeiro sábio, porque tinha a plena noção de sua "douta-ignorância" ("Sei que nada sei").
"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância".
E é assim, obrigado pelo texto, pois me fez conhecer um pouco mais da minha vasta ignorância e me faz continuar a perseguir o saber, mesmo sabendo que ele é infinito.
Theo.