UFRJ um lugar de loucos. Literalmente !

O atual Palácio Universitário foi construído entre 1842 e 1852 após um decreto do imperador D. Pedro II, então com 14 anos. Com uma arquitetura neoclássica e estilo greco-romano, o prédio foi inaugurado para abrigar uma nova concepção de hospício dedicado ao tratamento de doentes mentais. Era o início da evolução da Psiquiatria em nosso país.

Até o início do século XIX, os doentes mentais não recebiam qualquer tipo de tratamento. Se fossem calmos, vagavam pelas ruas. Se fossem agressivos, ficavam presos e acorrentados em cadeias. Como parte do projeto civilizatório do Império, o Hospício Pedro II foi o primeiro hospital psiquiátrico do Brasil e da América Latina. Desde então, os médicos passaram a tentar reabilitar os pacientes. Em meio às oficinas e às terapias ocupacionais, havia também procedimentos violentos da nova ciência: eletrochoques, lobotomia, camisas de força, clausura.

O “Palácio dos loucos”, como era chamado pela população, funcionou por 92 anos até sua extinção em 1944 com a transferência dos três mil internos para outros hospitais. Hospício Pedro II até 1890, Hospício Nacional de Alienados até 1937, Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha até 1944 e, finalmente, Universidade do Brasil a partir de 1949, o prédio internou pacientes ilustres como o escritor Lima Barreto, o músico Ernesto Nazareth, o teatrólogo Qorpo Santo e o líder da revolta da chibata João Cândido, o “Almirante Negro”. Há boatos que, no silêncio da noite, é possível ouvir as correntes dos internos se arrastando pelos subsolos do prédio seguidos de gemidos de dor e agonia. Isso porque a loucura não é só dos loucos, é também dos médicos do hospício, dos estudantes, dos militares da ditadura, da história do Brasil.

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